top of page

Enraizando: Música eletrônica ganha visibilidade no cenário musical alagoano

Na terra do coco de roda, a e-music tenta alcançar mais espaço entre os jovens

Foto: Divulgação/Pexels

Na indústria fonográfica, a música eletrônica hoje é considerada um dos principais gêneros, capaz de aglomerar multidões em inúmeros festivais mundiais. Mas nem sempre foi assim; antes de se tornar popular nas pistas de dança, a e-music era algo mais intimista que alcançava apenas pequenos grupos, como as famosas festinhas conhecidas como “Assaltos” da década de 80.

De lá para cá, o ritmo ganhou outra cara, conquistando mais adeptos e a profissão de DJ viralizou no mundo todo. Apesar do cenário ainda ser tímido comparado a outros estados, Alagoas vem ganhando cada vez mais profissionais e um público fiel às pistas, festas e eventos que prometem um batidão único, animado e cheio de personalidade.

Comandar as pickups, atrair a atenção do público e animar geral não é tão fácil quanto parece. Hoje, ser DJ é preciso muito mais do que disposição. Se você quer ser um já pode acrescentar na lista qualidades como força de vontade, tino para a e-music e ousadia. Ao menos é o que acredita Jessy Tavares, codinome DJ Eleva, que começou sua carreira aos treze anos de idade.

“A primeira vez em que fui a uma boate fiquei fascinada por tudo aquilo: as luzes, o ambiente e o DJ. Saí de lá com a ideia que queria fazer isso, então fui trilhando minha profissão; comecei a frequentar as festas, conhecer músicos e aprender um pouco sobre o gênero. Minha família também é de músicos, então podemos dizer que já existia uma veia artística em mim, o que contribuiu e muito”, afirma Jessy, que diz já ter perdido as contas de quantas festas já participou de 2006 até agora.

Além de deejay, Eleva também organiza algumas festas conhecidas em Alagoas como a Sunset, que promete uma experiência em cenários paradisíacos onde “o por e o nascer do sol são eternizados ao som das diversificadas vertentes da House Music”.

“Eu tenho uma produtora, a Pulse, que existe desde de 2010, onde organizo a Sunset e a Low Beat. Também sou residente do Café de La Musique Maceió, o beach club de música eletrônica em Alagoas”, lista Eleva que revela para a gente que no próximo dia 23 de abril irá dividir a cabine com Vintage Culture, um dos principais DJs do Brasil.

Outra festa que reúne um público fiel é a Substation que existe há mais de 20 anos em Maceió. Organizada por DJ Adriano, que afirma que começou a carreira de forma despretensiosa e muito pequena e o que motiva ele é os bons momentos em que vivência ao discotecar.

Quando o assunto é o cenário da música eletrônica no Estado, Adriano mostra uma opinião positiva. Ele acredita que cresceu muito nos últimos anos. “Hoje em dia existem festas de todas vertentes como trance, house, pop, entre outros. E, todos esses eventos precisam de DJs. O que precisa se estabelecer é se esses artistas estão com conceito e estética sonora para apresentar a esses segmentos. Então na verdade o surgimento desses novos DJs é uma coisa normal. É um a coisa boa para o cenário”, opina Adriano que acredita na máxima que a prática leva à perfeição.

Foto: divulgação/Pexels

Nesse quesito, o DJ Léo Dirtyfull concorda com Adriano. Para ele, cada vez mais surgem gêneros novos “que nem imaginávamos existir”. “Essa mudança foi positiva, fez esse mundo crescer e a cultura se expandiu. Para um admirador como eu, isso não teria como ser negativo (risos)”, expõe o músico, que participou das duas edições da Happy Holi's em Maceió.

A estudante Bruna Raposo, 22, e frequentadora de raves e festas eletrônicas acredita que o cenário no Nordeste ainda é pequeno, para ela ainda falta investimentos nesse cenário.

“Frequento festas eletrônicas e raves desde os 16 anos de idade. Nesses eventos, é possível encontrar todo tipo de gente, quando é jovem gostamos de ritmos agitados, quando o tempo passa quem gosta e conhece a cena, começa a selecionar melhor qual tipo de festa que vai comparecer, analisando a produção, seleção de músicas e estilo”, conta Bruna.

As melhores experiências de Bruna em festivais de música eletrônica foi o festival Universo Paralelo. “Experiência que recomendo para qualquer pessoa, até para aquelas que não são fãs da música eletrônica. Lá você encontra uma diversidade cultural muito grande”.

A experiência intensa através de hits penetrantes e organizações de festas em cenários paradisíacos vêm encantando, principalmente, os jovens alagoanos. Sem preconceitos relacionados às raças e questões sexuais, por exemplo, a cena tem levado mais adeptos às raves e produções artísticas do gênero. No entanto, a missão dos organizadores em desmistificar mitos e chamar atenção da sociedade não é fácil.

Para o DJ Léo Dirtyfull, a cena está crescendo, mas até mesmo as questões culturais do povo alagoano aparecem como obstáculo para uma real ascensão da música eletrônica no estado.

"O cenário da música eletrônica em Maceió ainda está em crescimento. Temos um núcleo chamado Pulse, que integra várias festas de música eletrônica, a Sunset, Low Beat, entre outras, e com ela tentamos educar musicalmente a galera de Maceió. É uma missão extremamente difícil, pois aqui a cultura é 95%, creio eu, voltada para o forró e sub vertentes do mesmo. Aos poucos vamos tomando espaço", explica o DJ.

Seguindo a linha de raciocínio de Léo Dirtyfull, o DJ Adriano vê o atraso da cena em Alagoas como principal ponto de desequilíbrio para o crescimento do gênero musical, mas, ressalta a evolução da cena partindo do ponto de vista dos projetos.

"O cenário da música eletrônica e das festas em Alagoas são sempre bem atrasados. Tipo, do que está rolando na Europa, eu acho que em 20 anos depois chega aqui. A única diferença daqui para os outros lugares é a demora. Todo lugar a cena tem altos e baixos. Uma hora o dance está em alta, outra hora é a vez da house. Apesar de serem segmentos da música completamente diferente, uma hora elas alternam. Mas é possível que haja uma evolução. As festas e o cenário da música eletrônica em Alagoas sempre estão um pouco atrás, mas que bom que existe cena e projetos acontecendo".

Os projetos são diversos, mas pôr em prática o que está no papel é algo difícil de e isso entra em conflito com o crescimento da cena. Apesar do atraso vistos pelo olhar dos especialistas no assunto, o gênero tende a ganhar mais espaço cultural e investimentos a longo prazo em Alagoas.

"Bom, o ponto positivo é o cenário cresceu e, consequentemente, se segmentou. Hoje em dia existem festas de trance, house, pop, e todas essas festas precisam de DJ's. O que precisa se estabelecer é se esses artistas estão com conceito e estética sonora para apresentar a esses segmentos. Então na verdade o surgimento desses novos profissionais é uma coisa normal. É algo bom para o cenário", destaca o DJ Adriano.

O investimento e a diversificação da música eletrônica tende a aumentar o consumo pelo gênero. A cada dia, a cena penetra no gosto dos alagoanos que buscam diversão, interação social e, principalmente, relaxar a alma ao som de batidas expressivas que mexem com os nervos do corpo. Mas, apesar de toda produção estética e diversificação cultural, se manter especificamente da música é uma batalha diária.

De acordo com o DJ Adriano, estar atualizado com as novas tendências e ter um público é essencial para pagar as contas no fim do mês. Além disso, o profissional precisa de outras funções.

"Eu não sei, acho que por enquanto é um pouco complicado para todos os DJ's viverem exclusivamente deste trabalho. Acho que alguns sim. A maior parte da minha renda vem da minha vida de DJ, mas eu segmento bastante. Eu dou aula para novos DJ's, tenho projeto de música eletrônica, tenho minhas residências nas festas, nos bares. Pessoas me procuram para parcerias. É assim, a gente precisa observar o mercado da forma que ele se apresenta. Sou formado em comunicação social, trabalhei com moda, e acho que essas coisas acabam se completando. Eu não sei se todos podem viver apenas como DJ em Maceió, mas eu tenho vivido nos últimos anos", encoraja Adriano.


Posts Em Destaque
Posts Recentes
Arquivo
Procurar por tags
Nenhum tag.
Siga
  • Facebook Basic Square
  • Twitter Basic Square
  • Google+ Basic Square
bottom of page