Artesanato alagoano é destaque em cenário nacional
Produção dos artesãos tem sido um dos principais destaques em feiras nacionais em 2016
O artesanato de Alagoas passa por um momento ímpar, visto sob um olhar de avanço e junção entre o tradicional e o novo, o técnico e o estético. No mês de outubro, 17 artesãos participaram da 1ª edição da Feira de Artesanato Brasil Original, em São Paulo. A comercialização total dos produtos alcançou a marca de R$ 196 mil em vendas e 35 mil em encomendas.
Segundo a museóloga e pesquisadora Carmen Lúcia Dantas, a produção de Alagoas tem sido um dos principais destaques em feiras nacionais em 2016. “Temos um acervo de grandes artesãos profissionais e artistas populares. Aqui, enquanto os homens esculpem a madeira, as mulheres rendam, repassando os ensinamentos para as novas gerações e conquistando, aos poucos, um público apaixonado pela prática artesanal”, afirmou.
Maria Eronildes Laurentino, a Nena, é uma das artistas da nova geração do artesanato em cerâmica do município de Capela. Discípula, cunhada e prima de João das Alagoas, ela começou a trabalhar com o mestre em 2005. Com o barro, Nena produz a mão o “boi vazado”, como ela intitulou, e dentro dele retrata, minuciosamente, as figuras que lembram o cotidiano do povo nordestino.
“Em São Paulo, eu vendi tudo. Levei 25 peças e não voltei com nenhuma. Acreditava que por ter uma duração menor que as outras feiras eu iria vender menos, mas me surpreendi. Além disso, muitas pessoas já chegavam me procurando, dizendo que já conheciam meu trabalho há anos. Isso me deixou muito feliz”, conta a artesã Nena.
Desde a cerâmica à fibra da bananeira, transpassando o crochê, a madeira e a infinidade de bordados, a diversidade de tipologias é o que parece atrair o público. Em julho deste ano, 12 artesãos participaram da 16ª Feira Nacional de Negócios do Artesanato (Fenearte), comercializando R$ 165 mil em peças e produtos produzidos, autenticamente, no estado. A Fenearte é considerada a maior feira do segmento da América Latina, reunindo mais de cinco mil expositores, entre artesãos do Brasil e de mais 51 países.
Durante a programação das feiras, os profissionais têm, ainda, a oportunidade de participarem da Rodada de Negócios, que permite estabelecer contatos com possíveis compradores e ampliar sua rede de clientes, proporcionando futuras negociações.
De acordo com a lojista paulista Rejiane Pereira, compradora assídua das peças alagoanas, o trabalho artesanal alagoano representa um dos mais criativos e inovadores do país.
"Meu primeiro contato com o trabalho do Estado também foi em feiras nacionais e logo me encantei. É tudo muito criativo, diferente do que vemos em outros estandes e com uma diversidade de tipologias admirável. Com o passar dos anos os artesãos procuram estar atualizados, seguir tendências, o que mantém as peças com características contemporâneas", ressaltou Rejiane Pereira.
Papel social
Além da importância no cenário artístico, a produção artesanal tem função social transformadora, uma vez que para a maioria dos artesãos o trabalho manual representa sua única fonte de renda.
Entre os principais membros do Grupo Patchart, por exemplo, responsáveis pelo artesanato amor caseado, no município de Boca da Mata, estão cortadores de cana, que no período da entressafra ficam sem produção e assumem o papel de artesãos junto às suas esposas na confecção das peças.
Nesse sentido, a participação nas feiras garante aos profissionais o desenvolvimento na qualidade de vida e no ramo econômico.
Na agenda de 2016, está prevista, ainda, a Feira Nacional do Artesanato, em Belo Horizonte, de 6 a 11 de dezembro.
O estande de Alagoas nas feiras e eventos é disponibilizado pelo Programa do Artesanato Brasileiro (PAB), coordenado em Alagoas pela Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico e Turismo (Sedetur).